Agonia

Pare!
Não vês que embebes-te de uma alucinação?
Não percebes que como a mais desejada droga,
Alimenta-te de sonhos e ilusões?
Criadas pela necessidade de momentos de felicidade?
E que por mais que irreais sejam,
Não vês que amanhã só restar-te-a um vazio no peito?
A vontade de embebedar-se novamente?
Uma tristeza que mata-te aos poucos?

Pare!
Enterre-se de uma vez suas paixões
As ilusões de felicidade que cobrem teus olhos
Pois deste mundo só se colhe tristeza
E que as ilusões dos desejos teus são os nós
Da corda que circunda teu pescoço
E um dia o quebrará
Sem dó

Exointrospecção

Curvas no vislumbre da escuridão
Murmúrios perdidos à imensidão
Ecoa uma gota mandada ao chão
de uma dor chorada à maldição

Apunhale-me novamente
Estupre meu espírito - Usurpe minha mente
Sufoque minha inspiração
Atire-me a danação

Curvas no vislumbre da escuridão...

Ermo Meu

Uma gota carmesim de vitalidade
Mais uma, perdida, preciosa jade.
Mais uma convulsão de agonia
sozinho, abandonado à letargia

A força que não mais lhe ama
A dor das artérias em chama
Beleza, de versos, insana
Mais um sonho que lhe engana

Ávidas são as ilusões que vos permeiam
Reais por mais que não creiam

Viveis à lúgubre luminosidade que cega
desse mundo - as dores que agrega
Mas das trevas que acolhes em vosso peito
esconde-as e teme-as até o último leito

Nada tenho - nunca tive
Não compartilho das ilusões do que pensa que vive
Das trevas nostálgicas - convalesço
Na chama de meu espírito - me aqueço
Apenas

Canção Fúnebre

Ao meu redor, silêncio apenas
E o som de um coração
No ritmo fúnebre de uma canção
que se desfaz no vazio

Em notas de dor
Em palavras bem claras
Uma mensagem de agonia:
A aventura no mundo de ilusões
deve, em breve, terminar

A brisa passa novamente
Meu espírito é o que leva
De onde não devo existir
Para onde nunca fui nada

Chama Ilusória

Muito frio
Minha luz se apaga - lentamente
Tenho medo de toda essa escuridão

Talvez se eu der espaço
Àquele pequeno foco de luz na distância
Muito talvez ela também queira me aquecer

O pior dos despertares veio
O mais triste dos sonhos acabou

Aquele pequeno foco também está a se apagar
Ela não pode me salvar
Ela nem mesmo pode salvar a si mesma

É um fim próximo
Breve serão mais dois defuntos
Perdidos na escuridão

Gélido Romance

Escrevi essa poesia a um tempinho... Bem comodo não? Ser amante da morte... Como eu sobreviveria se não amasse a única coisa que me permeia? A única que está sempre ao meu lado e parece me amar tanto...

"
Gélido Romance

Dançando lentamente e sensual

Suave, das sombras se revela

Olhos ardentes e toque fatal

Mortal de tão bela

Seu abraço me entristece

- “Tu me amas? Não faz prece...”

Seu beijo, meus lábios gela

- “Eu lhe amo! Como és bela.”

De tua foice, então, faz-me sentir

Na nuca que apouco acariciava

E em meu ouvido põe-se a rir

Como canção que a muito não cantava

- “Tu amas tua Morte como tua Vida

Sabe que ambas são meu semblante

Eu amo tua paixão atrevida!

Pela eternidade serás meu amante”
"

Decepção

Eu, por exemplo, mais um nascido nesse mundo podre... Sonhando todos os dias que algo melhor pode vir... Sonhando a existência de pessoas que compreendam seus traumas ou compartilhem deles para quem sabe serem um pier seguro.
Pura baboseira... Tal vontade é uma decepção... E enquanto você sonha como um tolo que coisas boas podem acontecer... Enquanto preserva toda vida e trata bem a todos... Enquanto trata de forma especial aqueles os quais sente serem especiais... Todo esse mundo fétido se destroi ao seu redor. E leva toda sua vitalidade com ele...
Quem vive em um mundo de mentiras, mentiroso é. Já dizia eu quando mais novo... Pois bem, creio que acreditar em bons fatos é minha mentira... Pois tudo isso já era. Só estamos esperando alguém nos contar isso.

Morte

Afinal de contas... É um circulo vicioso... Uma ilusão, uma deceção. Um sonho que se permite criar e que lhe ceifa pelo pescoço.

Não é nenhum mistério. "Apartir de hoje, desisto deles". O tempo passa... E lá se está novamente... Sozinho.

Espero que possam me ajudar a manter essa posição desta vez... Esse mundo é um cemitério. Cemitérios são para defuntos. Ou se estrá morto, ou é um otário com uma coleção de cabeças suas em um saco... Pesando nas costas.

Me ajudem a continuar morto e eu vos ajudarei a serem, no mínimo, mortos conscientes. Afinal de contas, devemos todos estar mortos em um cemitério.